Saúde pra quem?
Emanuela Souza
A pequena cidade de Cláudio, no Centro-Oeste mineiro, enfrenta problemas de infraestrutura nos setores públicos. Dentre eles, o mais preocupante é o órgão da saúde pública. A promessa da abertura do SAMU criou a expectativa de um melhor atendimento. A Santa Casa do município, apesar de fornecer atendimento de qualidade, não possui todos os equipamentos e profissionais necessários para cirurgias e exames. Quando é necessário se deslocar para outra cidade para receber o atendimento, o paciente só pode solicitar a ambulância se seu estado de saúde for considerado instável, delicado ou de urgência. Do contrário, o paciente precisa desembolsar o valor para o deslocamento.
Há poucas ambulâncias na unidade e nem todas são usadas. Alguns moradores relatam que algumas vítimas de pequenos acidentes precisaram ser levadas para a Santa Casa pela Polícia Militar, pois não tem veículos para transportar os feridos. Não há, de fato um atendimento de emergência na cidade.
A falta desse tipo de atendimento no município fez surgir o Resgate Voluntário de Cláudio, uma iniciativa dos próprios moradores para atender à população. Nem todos os voluntários são atuantes na área da saúde e muitos atuam em diversas outras áreas: são cidadão comuns, pessoas que buscaram fazer a diferença no meio onde vivem.
Inicialmente, é necessário que os socorristas voluntários passem por um período de preparação antes de atuarem em campo. A preparação inclui palestras com comandantes do SAMU e treinamento pré-hospitalar, sendo necessário um aproveitamento de 70% para ser aceito, e mesmo assim ainda passar cerca de 48 horas com os veteranos para serem avaliados se estão aptos. Todos passam pela supervisão do Cabo Hamilton José Rabelo.
O resgate voluntário fornece apenas os primeiros socorros para emergências e logo após o atendimento, o ferido é encaminhado para a Santa Casa para o tratamento intensivo. Se caso não puder ser tratado na unidade, o paciente é encaminhado para Divinópolis ou Belo Horizonte. A iniciativa já coleciona cerca de 600 resgates e um ano de existência, e atende em toda a região.
Mas o que muitos se perguntam é: por que integrantes do SAMU treinam voluntários para realizar o serviço do... SAMU? A iniciativa do povo claudiense é extremamente válida e nobre, mas porque ela precisou ser necessária? A população se pergunta onde estão as promessas e os resultados de seus impostos e enquanto o Serviço de Atendimento Médico de Urgência não se inicia, continuam contando com a boa vontade dos voluntários.